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Escrita simples: crie narrativas poderosas a partir da sua rotina

  • Foto do escritor: Sabrina Neto
    Sabrina Neto
  • 18 de jun.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 20 de jun.

Descubra como a simplicidade das atividades do seu dia a dia podem virar insumos para criar conteúdos atraentes.


Porta do ônibus aberta em frente a lagoa
Pratique o olhar atento e observe o que pulsa ao seu redor

Uma das minhas matérias-primas favoritas para escrever é o cotidiano. Gosto de olhar a rua, de descobrir uma história legal a partir de um bate-papo com um desconhecido e, dentre muitas outras coisas, de observar a criatividade dos vendedores das lojas de bairro.


Há algumas semanas, me permiti ficar off por um longo período do dia. Aproveitei uma consulta médica que já tinha agendado para praticar o olhar atento, aquele em que tiramos o pé do acelerador da vida e os olhos das telas, para observar o que está pulsando a nossa volta.


Se você ainda não fez esse exercício, sugiro incluir na sua rotina. É muito transformador e nos faz ter insights incríveis.


Bom, nesse quase Day Off, me surpreendi com as descobertas que eu fiz. Dentre elas:



  • 🚗 Descobri que a Uber que me levou até a clínica é professora de Educação Física e jogou basquete com grandes nomes do esporte. 


  • 👓 Que o atendente da clínica oftalmológica que me consultei faz um café excelente e que os pacientes elogiam muito (inclusive, por causa da propaganda de um deles, que fiquei curiosa para experimentar o café).


  • 🌆 Que o vendedor de uma das lojas que visitei é natural de Belém do Pará, mora em Florianópolis há um ano e sonha em visitar o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro.


Muito mais do que conversas cotidianas, esses momentos reforçam algo que busco incluir em cada texto que escrevo: as histórias que nos conectam com outras pessoas.



Escrever simples não quer dizer escolher um caminho fácil 

Mulher escalando uma parede de escalada
O desafio da jornada está em deixar o caminho mais simples


No livro Escrita em Movimento: sete princípios do fazer literário, de Noemi Jaffe, a autora traz um capítulo inteiro dedicado à simplicidade na escrita. Um trecho, em particular, me chamou atenção. Diz assim:


“[...] simples não é sinônimo de fácil e nem complexo é sinônimo de difícil. Um texto literário pode ser complexo e simples. Aliás, para que algo fique simples é preciso trabalho e concentração [...]”

Tão simples quanto isso. hehehe


Brincadeiras à parte, a simplicidade de um texto tem uma magia interessante, quase natural. A essência da mensagem é transmitida de forma leve, como uma conversa. Ela te envolve aos poucos e, quando você se dá conta, já está totalmente imerso. 


Eu, por exemplo, sou daquelas que gosto de observar por qual caminho um texto, uma narrativa me leva. Tipo filme, que você fica na expectativa para saber o que vai acontecer na próxima cena. 


Quando um conteúdo mexe comigo, penso: “Que texto fod@!”. E aqui não me restrinjo apenas ao texto que leio, mas aos demais conteúdos disponíveis nos diferentes formatos que consumimos no dia a dia (áudio, vídeo etc.). Afinal, até chegar a um post carrossel, um vídeo no Tik Tok, ou ainda um anúncio de cinco segundos no YouTube, foi necessário escrever essa ideia.


Eu amo quando isso acontece, porque me faz pensar sobre as possibilidades que nós temos de criar conteúdos criativos que conectam com as pessoas. Aproveito essas situações para aprender. Analiso a estrutura do conteúdo, as palavras escolhidas, a trilha, a composição daquele material que me conectou de um jeito simples, mas que, nem por isso, foi produzido de forma leviana.



A simplicidade é uma estratégia poderosa 


jogo de montar blocos e com uma pessoa tirando um deles
A estratégia de escrever simples

Falando em estratégia, compartilho mais um exemplo que faz muito sentido com essa nossa conversa: uma espécie de equação escrita por Chip e Dan Heath no livro Ideias que Colam: por que algumas ideias pegam e outras não.


A “equação” mostra o seguinte:


Simples = essencial + compacto



Segundo os autores, é necessário encontrar a parte essencial da nossa ideia.


Ok, Sabrina, mas o que seria esse núcleo, essa essência?


Para responder essa pergunta, recorrerei aos próprios autores com o seguinte trecho:


“Para chegarmos à essência de uma ideia, precisamos ser mestres da exclusão. Precisamos priorizar [...] Precisamos criar ideias que sejam, ao mesmo tempo, simples e profundas. A Regra de Ouro é o modelo básico de simplicidade: uma declaração de uma única frase tão profunda que um indivíduo levaria uma vida inteira aprendendo a segui-la.”

O que é mais importante na mensagem que você quer transmitir? 

Pense nisso.



Escrever simples também é cortar as palavras certas



 “[...] a essência do escrever é reescrever” 

E digo mais, no contexto atual, em que muitos profissionais utilizam inteligência artificial para produzir conteúdos, a reescrita para entregar ao público algo simples, conectado com o ser humano e, acima de tudo, autêntico, é ainda mais urgente.


Não vou entrar na discussão IA vs humanos aqui. Aliás, acredito que devemos trabalhar em sinergia para potencializar as nossas ideias e criar soluções que façam sentido para os desafios que já estão surgindo em diferentes setores da nossa sociedade. Contudo, existe uma reflexão importante aqui: o pensar, o processo criativo, por mais que em parte dele você utilize ferramentas digitais para te apoiar na produção, continua sendo artesanal. E, na escrita, não é diferente. 


A escrita precisa desse segundo olhar, desse trabalho artesanal de reescrita para excluir as sobras e até substituir palavras que façam sentido para o leitor.


“[...] o segredo da boa escrita é despir cada frase até deixá-la apenas com seus componentes essenciais.”

William Zinsser



A busca constante pela simplicidade

Abelha pousando em flores brancas
A simplicidade nos conecta com o todo

Quando falamos de reescrita, voltamos ao princípio do nosso bate-papo, da busca pela essência, dessa oportunidade de valorizarmos a simplicidade do que nos conecta com o todo e da forma como a transformamos em insights para contar novas histórias.


Aliás, este artigo começou a ser escrito no ônibus, no dia da consulta, enquanto eu refletia como um simples “olá” pode nos levar a novas descobertas. 


Até o próximo conteúdo.🐝


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