Escrita livre: o que é e como colocar em prática?
- Sabrina Neto
- 24 de out. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: 1 de mai.
Praticar a escrita livre é uma ótima estratégia para quem quer estimular a criatividade durante o próprio processo de escrita.

Você já ouviu falar em escrita livre? E escrita de fluxo de consciência? Eu não conhecia esses termos até ler Cura pelas Palavras, livro escrito pela poeta, ilustradora, performer e artista, Rupi Kaur.
Já nas primeiras páginas da obra, a autora define esse conceito de uma forma muito interessante. Ela diz assim:
“Escrita livre, muitas vezes chamada de ‘escrita de fluxo de consciência’, é uma forma de escuta profunda a partir da qual você permite que seus pensamentos corram para o papel em tempo real. Não há preocupação com a qualidade da escrita. O único objetivo é escrever sem inibições. (…).”
Escrever sem inibições
Antes de começar a ler e estudar mais a fundo sobre escrita e todas as etapas que compõem esse processo (desde o primeiro insight até a finalização do conteúdo), enxergava esse tipo de escrita como algo romântico e, acima de tudo, fácil. Aos poucos, descobri que não é bem assim que a banda toca. A prática de escrever de forma livre, transmutando pensamentos em palavras, num fluxo contínuo de ideias, é profundo e, por vezes, complexo. Mas, claro, é possível!
Escrever, por si só, já é um momento intenso, que exige muita conexão e entrega. É preciso estar imerso não apenas no tema que está sendo desenvolvido, mas, também, na mensagem que você quer transmitir a partir daquele conteúdo.
Quem me acompanha a mais tempo aqui no Medium e nas minhas redes sociais, já deve ter me ouvido escrever (e falar) que escrita é prática. Quanto mais escrevemos, mais aprendemos sobre a escrita, entendemos como funciona o nosso processo criativo e temos a chance de criar oportunidades que nos levarão às nossas próximas produções. Parece loucura, né? Mas é fantástico como tudo isso pode acontecer na prática.
Conceito e prática

Embora o conceito de escrita livre nos direcione para um olhar mais interno, encarar essa prática como um exercício diário pode ajudar (e muito!) nesse processo de desenvolvimento, e descoberta, da nossa personalidade textual.
Então como podemos praticar esse conceito?
A resposta pode parecer óbvia, mas, no fundo, faz muito sentido: escrevendo.
Se você ainda não é familiarizado com essa forma de “colocar para fora suas ideias”, no início, vai parecer um pouco confuso, a ponto de cair na tentação de escolher previamente o que escrever e como escrever, para garantir que será escrito alguma coisa, e alguma coisa que faça sentido. Aqui, reforço o segundo tópico da sequência desse conteúdo: escreva sem inibições.
Simplesmente, quando estiver praticando a escrita livre, deixe as ideias saírem da forma que vierem, mesmo que, a priori, não faça sentido. Nesse momento é você e seus pensamentos, e mais ninguém. Deixe de lado o medo, a autocrítica e se permita escrever sem regras e julgamentos.
Nessa hora, somente o escrever importa. Esqueça todo o resto.
Não sabia que eu fazia e uma dica particular

É muito legal quando nós damos nomes para as coisas. O hábito de escrever em cadernos é uma prática que trago comigo há muito tempo. Somente quando fui apresentada a esse conceito da Rupi Kaur entendi que, na verdade, eu pratico escrita livre, usando um exercício (se é que posso chamar assim) muito legal.
Uma das formas que eu pratico a escrita livre é manter uma rotina de páginas matinais: aquele momento do dia que reservo alguns minutos para “colocar para fora os meus pensamentos”. Gente, é transformador!
Não tem script ou um cronograma. É como alimentar um diário. E até, se permite dizer, acho muito mais livre do que escrever em um diário, onde, muitas vezes (por experiência e com base em algumas lembranças da minha adolescência) concentramos acontecimentos sobre como foi o dia.
As páginas matinais (se preferir, também, podem ser vespertinas ou noturnas), vão muito mais além. No meu caso, simplesmente, pego meu caderno e caneta e deixo as ideias correrem, num fluxo contínuo de pensamentos. E aqui, quero compartilhar uma dica muito particular: usar papel e caneta para isso.
Oi?
Diga! :)
Não posso usar o celular ou o computador para escrever minhas páginas?
Sim, claro! Sempre que quiser. Aliás, fique muito à vontade para usar o que melhor funciona para você.
Há alguns anos, quando fazia o trajeto de ônibus de quase três horas da minha casa para o trabalho e vice versa, usava o celular para registrar insights sempre que sentia essa vontade imensa de escrever. Até hoje, inclusive, ao esperar para ser atendida em algum lugar, uso o celular para isso. Afinal, ele é bem mais prático de carregar no bolso do que um caderno e uma caneta.
Contudo, não subestime o poder de escrever à mão (que muitas pessoas podem até pensar que é coisa do passado). Essa forma de escrita tem lá os seus benefícios.
Segundo um estudo publicado na revista científica Frontiers in Psychology, realizado por cientistas do Laboratório de Neurociência do Desenvolvimento, da Universidade de Ciência e Tecnologia da Noruega (NTNU), com um grupo de estudantes que foram acompanhados enquanto escreviam à mão e por meio da digitação, escrever à mão aumenta a conectividade em várias regiões do cérebro.
Embora, nesse trabalho, os dispositivos digitais não tenham sido descartados, os pesquisadores pontuaram que os padrões de conectividade cerebral, ao escrever à mão, são mais elaborados se comparados com a escrita num teclado. Outro ponto importante, também ressaltado pelos pesquisadores, é que essa conectividade é crucial para a formação da memória e codificação de novas informações, contribuindo para o aprendizado.
Bora para as páginas?
Experimente reservar um tempinho para se dedicar a essa escrita livre. Permita que seus pensamentos corram para o papel e veja o que acontece.
Ah, Sabrina, mas eu não tenho tempo para isso.
Tudo bem, comece quando se sentir confortável. E digo mais, não vá com muita sede ao pote. Reserve cinco ou dez minutos do seu dia para essa prática. Escreva uma linha, um parágrafo ou uma lauda. Como achar melhor. O importante é manter a constância. Todos os dias, um passo de cada vez. Você verá a mágica da escrita acontecer.
Já disse que as palavras têm poder?
Pois então!
Deixe as ideias fluírem e só vai…
Até o próximo conteúdo.😌
*Este artigo é uma publicação original da minha página no Medium



